sexta-feira, 13 de junho de 2008

vere II

Verequete II



Foi pura emoção. E, acreditem, quem perdeu, perdeu um show pra lá de bacana.


Na Estação Gasômetro, na última quinta-feira, 12 de junho de 2008, Dia dos Namorados, uma pá de grandes artistas paraenses prestou homenagem ao Mestre Verequete – pra quem não sabe, aquele sujeito, de 91 anos, em que Deus insiste em plantar centenas de carimbós, no fundo do coração!...


Tinha gente velha e nova; rica, pobre e remediada, de tudo que é jeito. Mas, com uma paixão danada por essa alma índia, negra e branca – a alma cabocla - que nos une...


Teve até verso do Drummond: “A Infância”.


Um poeta magnífico, só não maior que o Bandeira (tás vendo como eu tinha razão, Euclides?...) a descobrir que o mistério da vida que temos, e que por vezes nem sabemos que temos, é infinitamente maior que toda a literatura!...


(E eu fiquei atenta àquela sonoridade. Quem sabe, um dia, não consiga macaqueá-la, né mermo?...)


Teve até um trio arretado, que tento, mas (ah, a falta que faz um editor!...) não recordo o nome. Mas que deixa a gente de queixo caído com o-brinquedo-em-que-transforma-todos-os-sons... E a gente se põe a pensar: já nem é maconha, mano!... É ayuasca, mermo!...


Teve dançarino de carimbó, daqueles que a gente imagina que já nasceu, de sete meses, a dançar o carimbó...


Teve aquele baixinho, o Ivan Cardoso – um gigante de voz e de criatividade!


E teve, como não havia de faltar, o Arraial do Pavulagem, com o Boi, que nem gosto tanto assim (prefiro, a léguas, o carimbó!).


Mas, que mexe com as pessoas de um jeito que a gente fica até se perguntando se a gente é que não está errada, afinal, por não apreciar uma coisa que faz até uma idosa se levantar, pra ir dançar na arquibancada... E com meninas da idade das netas dela, pois, pois...


Levei minha filha, de 19 anos, e fiquei encantada ao ver a paixão com que ela cantava as músicas do Mestre...


Chorei, mas, escondi as lágrimas – em tais momentos é que a gente dá graças a Deus pela escuridão!... Vai que alguém pensasse que estava ficando doida, ao me esvair em lágrimas ao som de um carimbó, né mermo?...


Lembrei tanta coisa da minha vida, da minha mocidade!...


E invejei, profundamente, o Mestre!


Porque, se Deus me ouvisse, pediria, apenas, isto: concede-me, Senhor, essa graça!...


A graça de viver quase um século, sempre a “mastigar” tal beleza...


A beleza desse nosso ARRETADO!... Caboclo-coração!...

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